Ausência de Bolsonaro marca último debate entre candidatos à Presidência
Política
Publicado em 05/10/2018

 

A ausência do líder das pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL) acabou marcando o último debate entre os candidatos à Presidência da República, ontem, na Rede Globo. Fora do confronto sob a alegação de recomendação médica após o ataque à faca sofrido no início de setembro, o candidato do PSL foi cobrado pelos adversários por conceder uma entrevista ao vivo à TV Record durante o debate. Diante da ausência, o candidato do PT, Fernando Haddad, foi o mais questionado pelos adversários, Ciro Gomes (PPS), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (MDB), Alvaro Dias (Pode) e Guilherme Boulos (PSOL), sobre as gestões de seu partido e a crise econômica.

A polarização entre Bolsonaro e o candidato do PT foi lembrada já no início do confronto, por Ciro e Marina. O candidato do PPS começou o debate lembrando que a disputa entre PT e PSDB teria dividido o País já desde a disputa entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves em 2014. “Eu não acredito que a permanecer essa polarização se tenha condições de governar o País. A permanecer essa guerra em que alguns estão votando por medo do Bolsonaro, outros do Haddad, ou porque tem raiva um do outro, o Brasil vai ficar mais quatro anos em uma situação de completa instabilidade, econômica, social e política”, avaliou a candidata da Rede.

Confrontado sobre a crise por Alckmin, Haddad rebateu, lembrando o aumento de impostos e da taxa de justos durante o governo Fernando Henrique Cardoso. “Depois que o seu partido foi derrotado em 2014, o PSDB se associou ao Temer para sabotar o governo aprovando as chamadas pautas bomba, aumentando salários de servidores públicos acima do teto”, apontou. “O PT terceiriza responsabilidade. O PSDB está fora do governo há 16 anos. Quem escolheu o Temer foi o PT, foi a Dilma”, reagiu o tucano. “O PSDB tem quatro ministros no governo Temer”, lembrou Haddad.

Único político do Paraná na disputa presidencial, Alvaro Dias iniciou sua primeira participação no debate reclamando de ter sido excluído pela Globo das entrevistas com os candidatos. “Finalmente estou nesse grande palanque eletrônico do País. Outros tiveram o privilégio antes. Aqui estiveram muitas vezes e derramaram a sua enxurrada de propostas. Hoje eu gostaria de fazer uma pergunta ao candidato do PT, mas ele não está aqui. Ele está preso em Curitiba”, disse, sem conseguir formular a pergunta por falta de tempo. “Trouxe a pergunta por escrito e vou entregar no final para o Haddad para que ele entregue ao Lula já que ele o visita toda semana”, disse o senador.

O ausente Bolsonaro voltou a ser o assunto do confronto, na pergunta de Boulos para Alckmin.

“Você, junto com o Temer o Bolsonaro apoiou a reforma trabalhista. Para vocês, para o trabalhador ter emprego ele não pode ter direitos. Porque vocês sempre cortam nos direitos e não nos privilégios da sua turma?”, questionou o candidato do PSOL. “A reforma trabalhista foi necessária para acabar com cartórios. O Brasil tem 17 mil sindicatos. Nenhum direito foi tirado, nenhum. O que o Brasil precisa é voltar a crescer”, respondeu o tucano.

Em seguida, Boulos, ao confrontar Haddad, voltou a lembrar do candidato do PSL ausente. “Essa turma do ódio, do Bolsonaro é também a turma da destruição dos direitos. Esse ódio que eles propagam nasce da indiferença. A gente perdeu a capacidade de sentir a dor do outro. Quando uma criança estende a mão, fecha o vidro. É com o fim da indiferença que a gente vai vender o ódio”, disse. “Não dá para a gente fingir que está tudo bem. Nós estamos há meses fazendo uma campanha que está marcada pelo ódio. Faz 30 anos que esse país saiu de uma ditadura. (...) Faz 30 anos, mas eu acho que a gente nunca teve tão perto disso que aconteceu naquele momento”, reforçou o candidato do PSOL.  

Em pergunta à Marina, Alvaro demonstrou incômodo com os rumos da discussão entre os adversários. “É preciso acabar com esse tempo do rouba mas faz. De que adianta propostas se nós preservarmos esse modelo perverso?”, criticou.

Ciro Gomes também fez questão de destacar a ausência de Bolsonaro. “Eu gostaria de fazer essa pergunta ao Bolsonaro. Entretanto ele hoje está de alta e deu uma entrevista muito mais longa do que a gente vai dar aqui”, disse. “O candidato que é líder das pesquisas deveria estar aqui para responder, mas fugiu e está concedendo uma entrevista enquanto isso, na concorrente da TV Globo”, afirmou.

 

Alvaro e Haddad trocam farpas em confronto

O senador Alvaro Dias (Podemos) e o candidato do PT, Fernando Haddad, protagonizaram alguns dos momentos mais tensos do último debate no primeiro turno da eleição presidencial, ontem na Rede Globo. Diante da ausência de Jair Bolsonaro (PSL), o senador pelo Paraná procurou, durante todo o confronto, ocupar o espçao de representante do sentimento “anti-PT” do eleitorado, centrando seu discurso nos escândalos de corrupção do partido de Haddad.

Alvaro citou as delações do ex-ministro da Fazenda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para questionar a falta de autocrítica do PT e para defender a operação Lava Jato. O candidato do Podemos foi ironizado, porém, por Haddad, pela dificuldade em se adaptar ao tempo do debate para as perguntas. “Primeiro lugar o senhor deveria ter mais compostura. Não respeita tempo, não respeita os adversários”, disse o candidato do PT. “Eu não estou brincando. Estou falando muito sério. Olho no olho. Papo direito. Vocês é que são uma brincadeira governando”, rebateu Alvaro.

Haddad lembrou a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Estou em campanha apenas há 22 dias. Entrei em uma situação completamente anormal. O líder das pesquisas que podia vencer no primeiro turno teve a candidatura impedida em uma situação completamente arbitrária”, disse. “É lamentável que você não reconheça nenhum dos erros. Abriu o palácio para os pobres, mas só para o Bolsa- empresário foi R$ 1 trilhão. Você reitera todos os erros cometidos e ainda faz um elogio do mesmo jeito. A gente tem que pensar em um projeto de País e não um projeto de poder”, questionou Marina Silva (Rede).

Ex-ministro da Fazenda do governo Temer, Henrique Meirelles também foi cobrado pelos escândalos da atual administração pelo candidato do PSOL, Guilherme Boulos. “Eu sou um candidato que faço parte da minha história. Que é uma história de quem trabalha em primeiro lugar. Sei que pode parecer estranho para você. Eu penso inclusive em criar o movimento dos sem processos. Trabalhei nos governos que me deram a oportunidade de trabalhar”, reagiu Meirelles. “Você falar em trabalho me parece algo muito estranho. Você é um banqueiro e banqueiro não trabalha”, rebateu Boulos.

Já nas considerações finais, Meirelles também fez menção ao clima de polarização na disputa presidencial. “Ódio não gera emprego. Vingança não cria segurança nem educação. O que o Brasil precisa agora é de confiança. E confiança não se compra, se conquista. Com uma vida de trabalho honesto e credibilidade”, disse o ex—ministro.  

Ex-ministro da Educação de Lula, Haddad concluiu sua participação no confronto destacando seu tema de preferência. “Não há nenhum problema no Brasil que não se resolva com trabalho e educação”, defendeu.

 

FRASES
"Sem democracia não há direitos. Só foi possível construir um País, gerar 20 milhões de empregos em 4 anos com a democracia", 
do candidato do PT, Fernando Haddad

“A permanecer essa guerra em que alguns estão votando por medo do Bolsonaro, outros do Haddad, ou porque tem raiva um do outro, o Brasil vai ficar mais quatro anos em uma situação de completa instabilidade, econômica, social e política”,
Da candidata da Rede, Marina Silva

“O PT terceiriza responsabilidade. O PSDB está fora do governo há 16 anos. Quem escolheu o Temer foi o PT  foi a Dilma”,
Do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin

“Se você vai poder votar no domingo é porque teve gente que morreu para isso. Eu não quero que minhas filhas cresçam em um País com ditadura”,
Do candidato do PSOL, Guilherme Boulos

“O candidato que é líder das pesquisas deveria estar aqui para responder, mas fugiu e está concedendo uma entrevista enquanto isso, na concorrente da TV Globo”
Do candidato do PDT, Ciro Gomes

“Trouxe a pergunta por escrito e vou entregar no final para o Haddad para que ele entregue ao Lula já que ele o visita toda semana”
Do candidato do Podemos, Alvaro Dias

“O Brasil já se cansou de aventuras. Nós já não podemos mais ter esse tipo de risco”,
Do candidato do MDB, Henrique Meirelles

FONTE: BEM PARANÁ

Comentários