Biodigestores trazem economia para produtores rurais do Oeste
Tupãssi e Região
Publicado em 28/06/2016

Com geração de energia e biofertilizantes a partir de dejetos, a técnica é uma das principais opções para a destinação dos resíduos, oferecendo benefícios econômicos e ambientais

 

O Oeste do Paraná é essencialmente agrícola e possui a maior produção animal do Estado. Segundo dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), a região produz aproximadamente 75 milhões de aves e mais de 2,5 milhões de suínos anualmente. Os produtores sempre tiveram um desafio em comum: dar a destinação final à urina e esterco dos animais.

 

Uma das alternativas foi a implantação de biodigestores nas propriedades, aparelho capaz de realizar um aproveitamento sustentável dos dejetos, transformando-os em adubo e também em energia elétrica a partir do biogás produzido. Algumas empresas de grande porte desenvolveram programas de incentivo à instalação de biodigestores nos últimos anos. Mas a viabilidade econômica e os benefícios ambientais fizeram com que produtores buscassem a tecnologia também por conta própria. 
 

É o caso do suinocultor Milton Becker, do município de Quatro Pontes. Dono de uma granja de grande porte, ele possui mais de 3.200 leitões e vai em breve ampliar a produção para 4.200 matrizes. Há anos Becker faz o aproveitamento energético dos dejetos gerados na propriedade, com dois biodigestores grandes instalados. “O nosso investimento foi de R$ 350 mil, mas o sistema se paga rapidamente. Hoje a nossa economia com a geração própria de energia chega a R$ 15 mil mensais, com um gerador de 300 cv que, no verão, pode ficar ligado o dia inteiro”, conta Becker.
 

A energia produzida a partir dos dejetos suínos é inteiramente utilizada na propriedade do seu Milton. E além dela, também há a produção de biofertilizante a partir do processo com os biodigestores. Atualmente, os vizinhos aproveitam em suas lavouras o adubo gerado. Em uma região com forte produção animal, a busca por tecnologias que auxiliem na destinação de resíduos e reduzam o impacto ambiental se torna cada vez mais importante. Segundo o professor de automação industrial da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC) e mestre em gestão de negócios, Arthur da Igreja, o potencial de geração energética a partir da alta produção de biomassa precisa ser aproveitado.

 

“O biodigestor traz uma vantagem ambiental importante porque o gás metano é muito agressivo para o efeito estufa. A partir do momento em que o produtor rural tem um biodigestor e a geração de biogás através do processo anaeróbico, depois da queima ele vai gerar o dióxido de carbono que é menos agressivo. No final do processo ele pode gerar energia e ter um fertilizante de altíssima qualidade”, explica o professor Arthur.

 

Gerando negócios
 

Há 10 anos no ramo, o empresário Juliano de Souza, mestre em engenharia de motores, viu no biogás uma oportunidade de negócios e montou uma empresa de motores a biogás. Atualmente ele presta assistência técnica para 30 produtores rurais da região e garante a viabilidade econômica dos sistemas movidos à energia a partir do material. “Eu tenho casos de sistemas que se pagaram em um curto espaço de tempo e outros que demoraram mais, porém todos tiveram um retorno positivo”, afirma.

 

Em outra propriedade rural, dessa vez no município de Tupãssi, o suinocultor Edson Nacatani também instalou um biodigestor por conta própria. Ele utiliza o biofertilizante gerado, mas, por enquanto, não faz o aproveitamento energético. Segundo ele, o local poderia ter um biodigestor ainda mais apropriado. “Acho que faltam aqui na região mais informações para que os produtores possam buscar tecnologias, modelos e equipamentos adequados à destinação dos dejetos”, diz. 
 

A busca por suporte técnico é importante e necessária para o aproveitamento dos potenciais de cada propriedade rural. “É necessário fazer o correto dimensionamento e avaliar se é mais efetivo utilizar esse gás para fazer o aquecimento, para geração de energia elétrica distribuída ou que vai ser consumida na própria propriedade. Então para que seja uma escolha segura e rentável, é fundamental que ele (produtor) procure o auxílio”, defende o professor Arthur da Igreja.

Fonte: Murilo Battisti - Jornalista e Assessor de Comunicação

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