Paraná tem mais de 100 mil crianças autistas, segundo estimativas da ONU
Cotidiano
Publicado em 02/04/2019

 

Nesta terça-feira (2) celebra-se o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, um transtorno no desenvolvimento do cérebro que afeta cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo. Criado em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU), a data tem o intuito de alertar as sociedades e seus governantes sobre a doença, a fim derrubar preconceitos e esclarecer a população sobre os Transtornos de Especto Autista (TEA).

Embora não existam dados oficiais sobre a prevalência do transtorno no país, a Organização Mundial da Saúde (OMS), a partir de estudos internacionais, estima que existam 2 milhões de autistas no Brasil. Por extrapolação, então, temos que, somente no Paraná, seriam 108.863 pessoas que apresentam traços de autismo, o equivalente a 0,96% da população do estado.

O transtorno do desenvolvimento é marcado por três características fundamentais: inabilidade para interagir socialmente; dificuldade no domínio da linguagem para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos; e padrão de comportamento restritivo e repetitivo. Pessoas de todas as classes sociais e etnias são acometidas, sendo que o grau de comprometimento varia de leve a grave, de acordo com a capacidade (ou incapacidade) do paciente manter contato interpessoal.

Embora a etiologia (ou seja, a causa) do TEA ainda não seja totalmente conhecida, investiga-se a relação do transtorno com substâncias químicas relacionadas ao meio ambiente, agentes infecciosos, fatores nutricionais, idade gestacional, baixo peso ao nascimento, infecções maternas, estresses físicos e psicológicos e influência de fatores genéticos. Ademais, existe certo consenso entre os especialistas de que esta doença é decorrente de disfunções do sistema nervoso central (SNC), que levam a uma alteração no padrão do desenvolvimento da criança.

Um estudo feito em 2017 por Roberto Gaspari Beck, mestre em Ciências da Saúde, apontou o estado do Paraná como tendo a maior prevalência de TEA na região Sul. O estudo, publicado em 2017, analisou 1.254 casos do transtorno, com prevalência estimada em 4,32 casos a cada 10.000 nascimentos no Paraná, enquanto no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina as taxas verificadas foram de 3,31 e 3,94, respectivamente. Ademais, verificou-se uma razão de 2,2 casos do sexo masculino para cada caso do sexo feminino.

Nos últimos anos, inclusive, o diagnóstico de TEA tem crescido em todo o mundo. Até pouco tempo, estimava-se que uma a cada 500 crianças no mundo possuía o transtorno. Hoje, já são uma a cada 88 crianças, segundo estudo feito nos Estados Unidos. Tal aumento, porém, não indica necessariamente que mais pessoas estejam sendo acometidas. Em verdade, é um reflexo das mudanças no diagnóstico e aumento da conscientização sobre o transtorno.

Pioneiro, Estado prepara censo sobre o autismo
O Paraná tem se destacado como pioneiro quando o assunto é o TEA. No ano passado, por exemplo, foi lançado o Programa de Atenção ao Autismo, voltado às pessoas com autismo e suas famílias. Além da capacitação dos profissionais da Rede Pública, de pais e cuidadores e do Cadastro da pessoa com TEA, o programa prevê ainda a realização de um censo, cujo intuito é determinar, de forma mais precisa, quantos pessoas apresentam traços de autismo.

Curitiba servirá de piloto para o programa, que aos poucos será ampliado para todos os 399 municípios paranaenses. A expectativa do governo é, nos próximos cinco anos, impactar todas as crianças com autismo entre 2 e 9 anos de idade, melhorando a vida das pessoas nas áreas em que elas mais precisam.

OS TIPOS DE AUTISMO
O Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª edição (DSM-5) apresenta quatro subcategorias do transtorno autista. Abaixo, você confere mais informações sobre cada um desses subtipos.

- Síndrome de Asperger
Considerada a forma mais leve de autismo, três vezes mais comum em meninos do que meninas. Geralmente, quem possui a sídrome também conta com uma inteligência superior à media, tanto que também se costuma chamar de “autismo de alto funcionamento”. Nesses casos, é comum o paciente apresentar obsessão por um objeto ou assunto. Mas se a síndrome não for diagnostica preconcemente, na fase adulta a pessoa terá mais chances de desenvolver quadros depressivos e de ansiedade

- Transtorno invasivo do desenvolvimento
Considerada uma fase intermediária do transtorno, apresenta sintomas variáveis. Em linhas gerais, o paciente apresentada uma menor quantidade de comportamentos repetitivos, dificuldades de interação social e uma competência linguística inferior na compatação com a Síndrome de Asperger

- Transtorno autista
Tipo ‘clássico’ de autismo, apresenta várias capacidades afetadas de forma mais intensa em relação aos dois subtipos já citados, bem como uma presença mais intensa de comportamentos repetitivos. Os principais sintomas são: falta de contato com os olhos; comportamentos repetitivos (como bater ou balançar as mãos); dificuldades em verbalizar peedidos; e desenvolvimento tardio da linguagem

- Transtorno desintegrativo da infância ou Síndrome de Heller
Subtipo mais grave e também menos comum do espectro autista. A criança costuma apresentar um período normal de desenvolvimento, mas a partir dos dois anos passa a perder as habilidades intelectuais, linguísticas e sociais, sem conseguir recuperá-las. Afeta as mesmas áreas dos TEA anteriores (linguagem, funcão social e motricidade), mas se diferencia por seu caráter regressivo e repentino.

FONTE: BEM PARANA

 

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