Caminhoneiros ignoram acordo e mantêm paralisações pelo país pelo 5º dia
Brasil
Publicado em 25/05/2018

 

Os caminhoneiros mantêm os bloqueios em rodovias federais pelo país nesta sexta-feira (25) mesmo após acordo com o governo federal. No Paraná, segundo a Polícia Rodoviária Federal, a princípio não há  registro de desmobilização em nenhum dos pontos de manifestações, até agora.

Segundo a PRF, o Estado segue com 69 pontos de manifestação nas estradas na manhã desta sexta-feira. Em oito trechos há bloqueios parciais. Dois bloqueios estão localizados nos quilômetros 6 e 12 da BR-277, em Paranaguá (Litoral), com lentidão no local. E em três pontos da BR-376: no km 158 da BR- 376, em Mandaguaçu, no km 189 da cidade em Marialva e no km 213 de Mandaguari (região Noroeste). Também há bloqueio parcial no km 171 da BR-476, em Contenda (região metropolitana de Curitiba) e nos km 125 e 127 da BR-116, em Fazenda Rio Grande.

O motivo do protesto é o custo do diesel. O petróleo subiu de preço e a Petrobras repassa as flutuações nas cotações internacionais às refinarias.

Na última quarta-feira (23), Pedro Parente, presidente da Petrobras, disse que reduziria o preço do diesel em 10% por 15 dias

Em encontro com o governo nesta quinta (24), os caminhoneiros se dividiram sobre a continuidade da paralisação e a Abcam abandonou o local. Foi fechado um acordo que deve custar R$ 5 bilhões aos cofres públicos e envolve oito entidades.

A falta de combustíveis gerou filas em postos de gasolina em todo o país. Também sem abastecimento, frotas de ônibus foram reduzidas e, em São Paulo, a Polícia Militar anunciou que irá diminuir o número de viaturas nas ruas.

Aeroportos também correm risco de desabastecimento. A Latam flexibilizou suas regras e não está cobrando remarcação de voos, e a Gol pede que os passageiros confiram as situação dos aeroportos antes de sair de casa.

As bombas secas nos postos e a paralisação nas rodovias também afetaram diretamente os estoques de suprimentos hospitalares. Em Santos, a vacinação contra Influenza A foi suspensa. No sul do país, cinco hospitais cancelaram cirurgias e nove correm risco de desabastecimento.

Caminhoneiros autônomos parados nas rodovias disseram, após a divulgação do acordo do governo e oito entidades da categoria, que não acabarão com a greve.

"Os supostos sindicatos que estão negociando não representam os caminhoneiros que estão na rua", disse o motorista Aguinaldo José de Oliveira, 40, que trabalha com transportes há 22 anos e para quem o movimento não tem um líder.

"São uns aproveitadores que não falaram com a gente antes da greve e chegaram agora, quando já estava tudo parado", afirma o caminhoneiro que está parado na av. Anhaguera, Campinas. "Estou em mais de 30 grupos de WhatsApp e em nenhum aceitaram esse acordo."

Segundo ele, os caminhoneiros pretendem manter a paralisação porque o acordo não atinge as suas principais reivindicações. "São 14 itens que a gente nem conhece. O principal é a redução do diesel, mas não essa esmola temporária de 15 centavos."

Outro caminhoneiro de 48 anos, parado em Campina Grande, na Paraíba e que preferiu não se identificar, concordou que o acordo não representa os trabalhadores autônomos.

"Nenhum caminhoneiro vai aceitar esse acordo. O Brasil vende diesel para a Bolívia a R$ 1,80 e a gasolina a R$ 2,50. Por que não pode vender aqui também?", questionou.

E reclamou de outros pontos que não apareceram no acordo. "Por que só caminhoneiros têm que usar tacógrafo e fazer exames toxicológicos?". Para ele, ou todos os motoristas deveriam ser obrigados a cumprir tais exigências ou que nenhum fosse.

"Pagamos R$ 400 para um exame toxicológico, IPVA, diesel caro e ainda temos que pagar pedágio", disse. "Não está faltando nem comida, nem bebida para gente, vamos continuar nas estradas", afirmou o caminhoneiro.

FONTE: BEM PARANÁ

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