Abastecimento levará 10 dias para ser normalizado, diz economista
Indústria e Agricultura
Publicado em 28/05/2018

 

Se a greve dos caminhoneiros — que nesta segunda-feira (28) entra no oitavo dia — acabasse hoje, seriam necessários cerca de 10 dias para que abastecimento de alimentos, medicamentos e combustível voltasse ao normal. “Mas até lá, os preços devem subir e causar um grande repique da inflação, que estava baixa até então”, segundo o economista Gilmar Mendes Lourenço, professor de Economia da Faculdade de Administração e Economia (FAE), de Curitiba. 

Além dos preços, Mendes postula que possam ocorrem mudanças nos hábitos de consumo da população — que, por medo de uma nova crise no abastecimento, volte a estocar produtos em casa, elevado ainda mais a inflação por conta, desta vez, de um grande aumento de demanda.

 “Como o movimento ainda não acabou é muito difícil quantificar quais seriam os prejuízos à economia, mas eles, com certeza serão pontuais e depois de um tempo, a normalidade deve ser retomada”, diz. Vale ressaltar, afirma Lourenço, que o aumento da produção econômica do País já não estava em patamares elevados, facilitando uma eventual recuperação.

Para Lourenço, as perdas na credibilidade do País são as mais preocupantes. “Vivemos uma grave crise de governabilidade o que dificulta qualquer planejamento econômico”, conta. Este cenário, segundo ele, dificulta até mesmo que os candidatos às eleições façam propostas para o Brasil.

Perdas
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa 150 empresas e quase 100% do setor de aves e de suínos do Brasil, informa que um bilhão de aves e 20 milhões de suínos estão recebendo alimentação insuficiente. 64 milhões de aves adultas e pintinhos já morreram, e um número maior deverá ser sacrificado em cumprimento às recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal e das normas sanitárias vigentes no Brasil.  `Por isso, o abastecimento de carne de aves e suínos pode demorar até dois meses para se normalizar depois que for encerrada a greve dos caminhoneiros.

No domingo (27), a ABPA registrou 167 plantas frigoríficas de aves e suínos paradas.  Mais de 234 mil trabalhadores estão com atividades suspensas. Aproximadamente 100 mil toneladas de carne de aves e de suínos deixaram de ser exportadas na última semana. O impacto na balança comercial já é estimado em 350 milhões de dólares. Segunda a associação, o reabastecimento deve levar dois meses para ser retomado em toda a cadeia. 

Os bloqueios nas rodovias que paralisaram o escoamento da produção em todo o país durante a semana já provocaram perdas de pelo menos R$ 9,5 bilhões, conforme as primeiras estimativas de diferentes setores. O número, que é quase o dobro dos R$ 5 bilhões que o governo usará para cobrir o prejuízo que a Petrobras terá por reduzir o preço do diesel e suspender os reajustes diários, vai crescer quando for possível mensurar os estragos com mais precisão.

O presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), José Carlos Martins, estima que 40% das atividades do setor tenham sido atingidas, comprometendo negócios de R$ 2,4 bilhões.

Perdas em vários setores
- A imagem do leite derramado, símbolo dos desperdícios da semana, representa um prejuízo de R$ 1,1 bilhão aos produtores, valor que soma a receita que deixa de entrar aos custo de produção, nos cálculos da CNA (confederação da agropecuária). Segundo a entidade, cerca de 95 milhões de litros de leite são produzidos diariamente no país e estão sendo descartados.

- Mais R$ 1 bilhão deixou de ser faturado no setor farmacêutico, estima o Sindusfarma (da indústria de medicamentos). “Se faltam remédios, as doenças crônicas e as agudas podem se agravar, elevando despesas hospitalares”, afirma Nelson Mussolini, presidente da entidade.

- Outro R$ 1,3 bilhão é a conta da Anfavea, associação da indústria automotiva, que na quinta (24) anunciou a paralisação total das fábricas. O cálculo abrange apenas o que deixou de ser arrecadado em tributos e não inclui o faturamento das motadoras.

 

- Outro mercado dependente dos fretes, o comércio eletrônico calcula uma queda de quase R$ 280 milhões no faturamento da semana passada, segundo números da Ebit, empresa especializada em pesquisas sobre o varejo online.

 

FONTE: BEM PARANA

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