O Paraná começa a colher com mais intensidade o milho de segunda safra, que chega ao final de ciclo sem grandes prejuízos. O produtor está mais animado e de olho nos bons preços de venda do grão, que este ano aumentaram 100% em relação a maio do ano passado em função da escassez de milho no mercado interno.
De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, a segunda safra de milho de 2016 deve atingir o volume de 12,1 milhões de toneladas, referente a uma área plantada de 2,2 milhões hectares. A produção esperada era de 12,9 milhões de toneladas, mas ocorreram perdas avaliadas em torno de 765 mil toneladas, concentradas na região Norte do Estado, onde houve uma estiagem severa no início do ano. “Vamos torcer para que não ocorra uma geada daqui para frente, pois ainda temos mais da metade da área plantada com lavouras sujeita a riscos” disse o analista do Departamento de Economia Rural (Deral), Edmar Gervásio.
De acordo com ele, os preços recebidos pelos produtores vêm em ritmo de alta desde o início do ano. “Em todos os meses houve aumento, chegando no mês de maio a superar R$ 40,00 a saca de 60 quilos”, informou. “Para o produtor o cenário é otimista, pois a produção nacional deverá ser menor este ano e isso impacta na oferta disponível do grão no mercado e os preços se elevam”, explicou.
A valorização do milho ao produtor deve se manter, mesmo em período de colheita, o que sugere que o ele será motivado a ampliar a área plantada com milho na primeira safra (safra de verão 2016/17), ressaltou o analista do Deral. “A produção de milho da primeira safra no Paraná vinha perdendo área desde o período 2007/08, quando a segunda safra se tornou maior do que a primeira. E a partir daí, a primeira safra vinha perdendo área plantada consistentemente, chegando a 424 mil hectares a menor área plantada nos últimos 10 anos”.
EXPORTAÇÕES
De acordo com levantamento do Deral, no primeiro quadrimestre de 2016 o Paraná exportou 1,2 milhões de toneladas de milho, o que também representou um incremento de quase 100% na comparação com o mesmo período do ano passado. Já o Brasil – informa o levantamento – exportou 12,2 milhões de toneladas, uma alta de 138%. Há expectativas de superar as 29 milhões de toneladas exportadas pelo País em 2015.
“Com este cenário de exportações em alta, aliado ao aumento do consumo interno de milho, principalmente pela cadeia da suinocultura e avicultura, vislumbra-se uma escassez de milho no Paraná e no Brasil”, afirmou Gervásio.
Segundo o analista, a disponibilidade de milho no Estado este ano deverá ser reduzida em mais de 4%, o que significa uma redução de 663 mil toneladas, o que naturalmente trará impactos em toda a cadeia produtiva. O Deral estima que o consumo animal deve crescer 1,6% e o estoque de passagem que em 2015 era suficiente para mais de 20 dias, este ano deve chegar ao fim zerado.
Já os estoques internacionais devem se manter estabilizados, sugerindo que os preços do milho devem se manter em alta também no cenário externo. “Os Estados Unidos, maior produtor mundial de milho, está estimando um aumento de 4,4% na produção mundial do grão, que deve atingir um volume de 1 bilhão de toneladas em 2016. Ainda assim, a oferta mundial e os estoques devem se manter os mesmos dos últimos anos em função do aumento do consumo mundial”, disse o analista.